I
O pássaro é definitivo
por isso não o procuremos:
ele nos elegerá.
II
Se for esta a hora do pássaro
abre-te e saberás
o instante eterno.
III
Nunca será mais a mesma
nossa atmosfera
pois sustentamos o vôo
que nos sustenta.
IV
O pássaro é lúcido
e nos retalha.
Sangramos. Nunca haverá
cicatrização possível
para este rumo.
V
Este pássaro é reto;
arquiteta o real e é o real mesmo.
VI
Nunca saberemos
tanta pureza:
pássaro devorando-nos
enquanto o cantamos.
VII
Na luz do vôo profundo
existiremos neste pássaro:
ele nos vive.