Dos anos loucos a alegria extinta,
Ressaca vaga, faz que eu mal me sinta.
Mas, como o vinho, é o remorso meu
Que mais forte ficou, se envelheceu.
É triste minha estrada. E me anuncia
O mar ruim do porvir dor e agonia.
Mas não desejo, amigos meus, morrer;
Quero ser para pensar e sofrer.
E sei que há gozos para mim guardados
Entre aflições, desgostos e cuidados:
Inda a concórdia poderei cantar,
Sobre prantos fingidos triunfar,
E talvez com sorrir de despedida
Brilhe o amor no sol-pôr de minha vida.
———
Элегиа
Безумных лет угасшее веселье
Мне тяжело, как смутное похмелье.
Но, как вино – печаль минувших дней
В моей душе чем старе, тем сильней.
Мой путь уныл. Сулит мне труд и горе
Грядушего волнуемое море.
Но не хочу, о други умирать;
Я жить хочу, чтоб мыслить и страдать;
И велаю, мне будут наслажденья
Меж горестей, забот и треволнеья:
Порой опять гармонией упьюсь,
Над вымыслом слезами обольюсь,
И может быть – на мой закат печальный
Влеснет любовь улыбкою прощальной.
(Alexandre Pushkin é poeta e dramaturgo russo, nascido em 1799 em Moscou, considerado um dos fundadores da moderna literatura russa. Inovou ao trazer temas populares a poemas e romances. Vários de seus poemas viraram óperas de Tchaikovsky, Rimski-Korsakov, Mussorgski, e faziam sucesso tanto na corte do tzares quanto entre o povo. Morreu aos 37 anos. Ao saber da morte de Pushkin, Gogol lamentou: ‘Que esquisito, a Rússia sem Pushkin!’ Foi enterrado às escondidas, por medo de revolta popular.)