“Todo livro que permite a um leitor relacionar-se com ele postula uma questão moral. Ou melhor: se um leitor é capaz de ir além da superfície de determinado texto, tal leitor pode extrair de suas profundezas uma questão moral, mesmo que essa questão não tenha sido formulada pelo escritor com muitas palavras, pois sua presença implícita desperta no leitor, de qualquer modo, uma emoção à flor da pele, um pressentimento ou simplesmente uma lembrança de algo que conhecemos há muito tempo.
Por meio dessa alquimia, todo texto literário torna-se, em certo sentido, metafórico.”
(Alberto Manguel, ensaísta e escritor argentino, em À Mesa com o Chapeleiro Maluco – ensaios sobre corvos e escrivaninhas – ed. Companhia das Letras)