Quando a noite mergulhar-me as garras no peito
meu corpo se queimará em cintilações
e eu serei eterno
no mundo.
Quando a noite mergulhar sua lâmina no meu corpo
os luares que amei partirão todos os espelhos
onde a minha imagem se debruçou
para morrer.
Ah se a noite penetrar-me o corpo de fatalidade
encontrarei meus mapas de ilhas naufragadas
e serei meu próprio capitão
nessa batalha urgente.
Mais nada.
Sou apenas pedra e cal
moradia de segredos
e água sentida na fonte não bebida.
Poema de Emil de Castro, publicado livro Habitação em campo urgente, de 1973. Emil nasceu em Mangaratiba (RJ) em 1941, é escritor, poeta, advogado e historiador. Publicou poemas e contos em diversos jornais e revistas literários do Rio de Janeiro. Foi prefeito de Mangaratiba. Fundou e dirigiu o jornal Poesia Etc.