Não consigo entender
O tempo
A morte
Teu olhar
O tempo é muito comprido
A morte não tem sentido
Teu olhar me põe perdido
Não consigo medir
O tempo
A morte
Teu olhar
O tempo, quando é que cessa?
A morte, quando começa?
Teu olhar, quando se expressa?
Muito medo tenho
Do tempo
Da morte
De teu olhar
O tempo levanta o muro.
A morte será o escuro?
Em teu olhar me procuro.
(Paulo Mendes Campos nasceu em 1922 em Belo Horizonte e morreu em 1991 no Rio de Janeiro. Poeta e jornalista, é da mesma geração de Fernando Sabino, Otto Lara Resende e Helio Pellegrino. Seu primeiro livro, A Palavra Escrita, de poemas, foi publicado em 1951. Em 1962, experimentou LSD e relatou a experiência em artigos publicados na revista Manchete, reproduzidas depois nos livros O Colunista do Morro e Trinca de Copas.)