Sempre dou uma incerta na Caixa Cultural aqui em Brasília pra ver se tem alguma exposição ou show interessante – e raramente me decepciono. É um dos espaços mais legais da cidade em termos de eventos culturais. E cabe no bolso de qualquer jornalista durango kid como eu. Num desses rasantes por lá, vi uma exposição fotográfica de um fotógrafo lituano do qual nunca ouvira falar: Antanas Sutkus.
Ele se especializou em registrar o seu povo, nos tempos da União Soviética. Conforme fui percorrendo a exposição, me veio a comparação do Sutkus com o Robert Doisneau, fotógrafo francês famoso por registrar o cotidiano dos bairros periféricos de Paris. Há quem o compare com outra lenda francesa, Cartier-Bresson, mas talvez essas semelhanças tenham mais a ver com o período histórico da fotografia, entre as décadas 1930 e 1950, muito marcada pela Segunda Guerra Mundial e pelo registro da vida de pessoas comuns. Sempre em preto e branco, claro.
Sutkus criou na Lituânia uma agência de fotografia e conseguiu fazer seu trabalho de registrar a rotina do povo de seu país sem cair no controle estatal, de propaganda soviética. São imagens belíssimas de um povo que tem uma história de resistência incrível – dos teutônicos e eslavos, aos nazistas e russos. Foi um dos últimos povos pagãos da Europa, com a conversão ao cristianismo só ocorrendo no final do século 14.
Uma das minhas fotos favoritas do Sutkus é essa que ilustra o post – uma mulher se esticando na varanda para ver algo na rua. Tenho essa imagem em tamanho grande aqui em casa, do convite para a exposição na Caixa Cultural. Vou emoldurar e pendurar numa das paredes aqui – passou a ser uma das minhas fotos favoritas. No slideshow abaixo, outras fotos do Sutkus, inclusive os registros da visita do Jean-Paul Sartre à Lituânia. Para a obra completa, recomendo visitar a página oficial dele.