“Não vou fazer minha carreira tentando fisgar alguns malditos fanáticos religiosos, insultando seu profeta. Não faria isso. Me parece doido fazer isso. Mas depois que eles foram mortos, eu simplesmente tinha que desenhar o cartum mostrando o profeta. O cartum que desenhei mostra eu segurando o desenho que acabei de fazer. Um desenho cru, de uma bunda com a legenda “A Bunda Cabeluda de Mohamid””. (risos)
Robert Crumb é um dos maiores cartunistas de todos os tempos, criou personagens que não deixaram pedra sobre pedra na cultura americana e vive na França há cerca de 25 anos. Fonte perfeita para falar depois do massacre na iconoclasta revista francesa Charlie Hebdo, não? Claro! Mas a ficha demorou a cair para a imprensa americana, e Crumb só foi procurado uma semana depois. Ok, antes tarde do que nunca, mas … que bola fora, hein?
Enfim, de qualquer maneira a repórter Celia Farber, do jornal semanal New York Observer, fez uma excelente entrevista com Crumb, que vive desde 1991 em Sauve, na França. De saída, o cartunista desceu a lenha no jornalismo americano (isso pq não conhece o brasileiro…): ao ser perguntado se estava respondendo a muitas questões sobre o caso, Crumb mandou:
Não, voce é a primeira. Vocês não têm mais jornalistas (nos EUA), o que tem lá agora é gente de relações públicas. É isso que eles têm na América hoje. 250 mil pessoas em relações públicas. E alguns poucos jornalistas e repórteres.
Pois é…
Sobre o caso da Charlie Hebdo em si, Crumb lembra que a revista é famosa por insultar não apenas muçulmanos, mas também cristãos, judeus, o Papa, o presidente, não importa. E que não existe nos EUA uma revista parecida (a MAD não chega nem próximo do que a Charlie faz), por isso é tão difícil os americanos entenderem essa lógica – que é uma tradição na França. Crumb afirma ainda que o estilo da revista francesa não é bem o seu (ainda que ele tenha provocado sérias discussões sobre a visão de racismo e feminismo que aplicava em seu trabalho), mas que depois das mortes, resolveu fazer um cartum em homenagem às vítimas, ainda que de maneira totalmente ‘crumbeana’, digamos assim. Ou seja, dá a pancada, mas deixa uma brecha ‘covarde’, como ele mesmo admite.
ok, ofenda quem quiser. Quem não quiser se incomodar, não se incomode.Todos sabem que para o Islã, não se pode retratar o profeta. A questão é – por que fazer isso? Por que incomodar o Islã, de forma tão grotesca? Abomino as mortes, acho que teriam que ser julgados e condenados. Mas qual o objetivo do ataque constante, efetivo, ao Islã? Não foi na mesma medida das outras religões. Ou foi?
pois é, esse ataque gera tantas e tantas questões, e nenhuma delas é simples de responder. Como bem disse o Joe Sacco, no post anterior, temos sim o direito de escrever e desenhar o que bem entendermos, mas pra quê? Com qual objetivo?
O problema é que os cartunistas não eram mulçumanos. Se para os mulçumanos é um ultraje representar seu profeta, ok, que eles não o representem. Mas daí a querer impor isso aos não mulçumanos, a outras culturas, a outras crenças (ou não-crenças) bem, daí é totalitarismo.
?Concordo total
Isso foi escrito por um pré-adolescente com teclado sem acento, só pode.
tenho 47 anos, logo nao posso mais ser considerado um pré-adolescente (talvez mentalmente, mas nem sempre). E sim, estava sem acento, num Mac desconfigurado. Mas acho que dá pra entender tudo, nao?
Ou você achou o texto tão ruim que a falta de acentuação é o de menos?
até dei uma (re)editada depois do seu comentario, Jana. Melhorou? Cheguei à maioridade? 😉
Vejo confusão entre liberdade de expressão e falta de respeito. Essas charges são discriminatórias, além de desrespeitosas e outras coisas mais . Não há nenhum conteúdo aproveitável nessas charges. Não concordo com essa resposta violenta, mas sinceramente, onde eles acharam que isso ia chegar? alto e claro que não ia ficar por isso mesmo e que um povo que morre por seu Deus, matar é o de menos. Na boa, respeito é bom, e todos gostam, além de conservar os dentes e a vida. “Au revoir” hipocrisia!