“Conforme se avança na vida, nos deparamos com abismos. Pule. Nunca é tão profundo quanto parece.”
Imagine um filme escatológico na linha de Saló, 120 dias de Sodoma (Pasolini), mas em que você ri boa parte do tempo – mesmo que seja um riso nervoso. Algo na linha dos primeiros trabalhos do Almodovar, com cenas bizarras, tensas, sexuais, provocativas, caricatas. Salpique um pouco de filosofia nietzschiana e eis que você tem Los Chidos, uma produção alemã/americana/mexicana, do jovem diretor portorriquenho Omar Rodriguez-Lopez – também guitarrista da banda At The Drive-In.
A história se desenrola entre um açougue e uma borracharia de beira de estrada, entre muitos tacos, tequila, indolência, sexismo, sexo, violência. Cenas reais de matança de bois e fakes de mutilação. No início cria um desconforto, mas você vai percebendo a ironia e o humor grotesco e não para mais de rir – mesmo quando há cenas das mais fortes e nojentas.
Teve gente que saiu da confortável sala do CineSesc no meio da sessão bem enojada. Mas vi bem mais gente abandonando no meio em filmes como Última Tentação de Cristo e Shortbus.
Enfim, uma experiência e tanto. Mas assim como não pretendo ver Saló novamente, uma sessão de Los Chidos já basta.
(pra variar, me liguei na trilha sonora, que traz da banda mexicana Molotov a Tom Waits).
MÚSICA TEMA
SOM DO TOM WAITS QUE ROLA NO FINAL
SOM DA BANDA DO DIRETOR
ENTREVISTA COM O DIRETOR
Omar Rodriguez-Lopez on “Los Chidos” & At The Drive-In from Justin Wilson on Vimeo.