Bora discutir Belo Monte sem falcatrua?

Ok, vamos discutir Belo Monte? Mas que tal fazermos isso com base em dados reais? Sim, porque qualquer discussão baseada em suposições, falseamento, mentiras, não vai levar a lugar algum. Só vai desvirtuar o debate e promover mais ignorância. Então, a partir dos dados fidedignos, podemos nos posicionar contra ou a favor e, melhor, podemos exigir que se cumpra o combinado. Foram décadas de discussão sobre o projeto, que foi alterado para atender muitas das demandas, como não-alagamento de terras indígenas, diminuição dos impactos na região, melhoria das condições de vida das populações das cidades do entorno.

Não podemos cair na ‘esparrela’ das Reginas Duartes da vida, que aparecem aqui e ali pontuando com a cara constrita que estão “com medo”. Ainda mais quando a causa do medo é informação deturpada. O pior é ver ambientalista tarimbado alimentando essa falcatrua, comemorando por exemplo o sucesso de um vídeo de artistas que em vez de jogar luz sobre o assunto, prefere fazer terrorismo barato, com base em informações defasadas, falsas até – chegaram a afirmar que o Parque Nacional do Xingu, que fica mais de 1.300 km ao sul do local da usina, poderá ser inundado!! Pô, aí não, vai… muita apelação! (não acredita? Veja aqui a distância de um para o outro)

Como bem disse o Gilberto Camara, diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), recentemente em seu blog, os ambientalistas estão perdendo a oportunidade histórica de conseguir avançar, exigindo que o governo e a iniciativa privada promovam a sustentabilidade em seus projetos. Em vez disso, estão apelando para o obscurantismo, a desinformação, o marketing raso, e com isso perdem credibilidade. Uma pena. Quando sentam para discutir e negociar honestamente, conseguem boas vitórias – como a moratória da soja, que envolveu sojeiros da Amazônia, Greenpeace e até o McDonald’s. É assim que funciona numa democracia moderna: os diferentes sentam à mesa, colocam seus argumentos, ‘senões’ e ‘poréns’ e tentam chegar a um denominador comum. Isso foi feito com Belo Monte, tanto que o projeto mudou da água pro vinho nesse meio tempo e hoje tem tudo para ser exemplo para outras obras do tipo que virão – e virão, não tem pra onde correr – para a Amazônia.

Mas enfim, vamos aos fatos sobre Belo Monte, que estão longe do bicho-papão pintado por aí:

* O lago de Belo Monte terá 503 km2, dos quais 228 km2 já são o leito do próprio rio Xingu. E boa parte da área restante já está desmatada por criadores de gado, agricultores e madeireiras ilegais. O desmatamento efetivo por conta da usina, portanto, é muito pequeno se comparado com o tamanho do empreendimento, a energia que fornecerá e os benefícios que trará à região. E o lago, uma vez criado, servirá para proteger o entorno de cerca de 28 mil hectares (280 km2), já que vira uma Área de Preservação Permanente (APP).

* É normal que empreendimentos hidrelétricos, e quase todas as fontes de geração de energia, tenham uma capacidade de geração e um fator de potência – ou seja quanto dessa capacidade será possível gerar em média em um ano. No caso de Belo Monte, que tem capacidade instalada de 11.233 MW, a geração média é de 4.571 MW, ou 41%. Esse número é o suficiente para abastecer 40% do consumo residencial de todo o Brasil. Ao longo de sua elaboração, o projeto Belo Monte foi modificado para restringir os impactos que poderia causar ao meio ambiente e à população da região, reduzindo-se a área de inundação prevista em 60% em relação ao projeto inicial. Isso diminuiu a geração média de energia, mas foi importante para a diminuição do seu impacto.

É pouco? Nem tanto. Dá uma olhada nos dados que este blog compilou sobre a média em outros países (na China é 36% e nos EUA, 46%) e mesmo no Brasil, em outras usinas já em operação, como Itaipu, Tucuruí.

* A média nacional de área alagada é de 0,49 km2 por MW instalado, em Belo Monte essa relação é de apenas 0,04 km2 por MW instalado.

* 100% da energia a ser produzida por Belo Monte destinam-se ao Sistema Interligado Nacional (SIN), sendo que 70% são para pôr nas redes das distribuidoras de energia de todo o país com o segundo menor valor por MWhora entre todos os empreendimentos elétricos nos últimos 10 anos (R$ 78 por MWh). Aquele papo de que a energia de Belo Monte beneficiará apenas esta ou aquela empresa, é balela, lenda. A energia gerada pela usina será conectada ao SIN e, com isto, gera energia para todo o país. O mesmo acontece com TODAS as demais usinas construídas por aqui.

* Há duas maneiras de se construir uma usina hidrelétrica: basear-se exclusivamente no critério de eficiência, em que tería que dispor de um lago enorme, como era o projeto original de Belo Monte de 1980, alagando amplas regiões, ou um sistema energeticamente menos eficiente – o de geração de energia em cima da corretenza do rio, denominado fio d’água – justamente para privilegiar questões ambientais. Belo Monte é desse segundo tipo, não sendo tão eficiente como a média das hidrelétricas brasileiras (na faixa de 50%) justamente em respeito a questões sociais e ambientais.

* Nenhum índio terá que sair de suas terras por causa do projeto e os ribeirinhos que serão realocados vivem, em sua maioria (quase 7 mil famílias), em palafitas nos igarapés de Altamira, em condições sub-humanas. O governo pretende realocar essas famílias para condomínios habitacionais que ficam em torno de 2 quilômetros de distância de onde estão hoje. São cerca de 18 mil pessoas. A promessa do governo é que essas pessoas receberão casas em locais totalmente urbanizados, com saneamento básico, postos de saúde, escolas e locais de lazer, tudo antes do final de 2014. É anotar e cobrar.

* Substituir a energia de Belo Monte por eólicas e energia solar parece fácil, mas é praticamente impossível. Precisamos de 5 mil MW por ano de energia adicionada ao sistema para garantir o mínimo necessário para que o país continue se desenvolvendo e gerando emprego e renda, e garantindo a inclusão de milhões de brasileiros que hoje estão à margem de todo e qualquer consumo. Isso não é possível, no curto/médio prazo, com eólica e solar. O Brasil até tem investido bastante nessas duas formas de geração de energia, somos o país que mais tem atraído empresas do setor para cá, mas é coisa para médio-longo prazo. Enquanto isso, fazemos a transição – mas com energia de baixo impacto e limpa, como a hidrelétrica. Nenhum outro país do mundo consegue isso – EUA, China, Europa, Ìndia, todos estão fazendo investimentos em energia renovável (eólica, solar, etc) com base numa economia sustentada por energia suja – nuclear, térmicas a carvão ou óleo diesel.

Para se ter uma ideia, para ter o mesmo potencial energético de Belo Monte, seria necessário instalar mais de 6 mil aerogeradores, de 3MW cada, ocupando uma área de 470 km2 – ou quase o tamanho do lago de Belo Monte (503 km2).

Bom, tem muito mais coisa para se pontuar, mas já tem um bocado aí pra refletirmos, né mesmo? As coisas nem sempre são tão simples como querem fazer crer uns e outros, nem o diabo é tão feio.

Tem mais informação boa circulando por aí, seguem algumas dicas – quem quiser indicar outros bons textos, coloca na área de comentários que acrescento à lista abaixo:

Belo Monte: vídeo de globais é teatro

Os Belos e Belo Monte

Prefeita de Altamira fala sobre Belo Monte

Belo Monte: Os fatos sobre a vazão reduzida na Volta Grande

Eu não assino petições contra Belo Monte

ADENDUM IMPORTANTE: todas as informações que estão neste post foram retiradas dos links citados, reportagens impressas e televisivas e dados dos ministérios de Minas e Energia, Planejamento e Meio Ambiente. Tenho alguns PDFs que não achei e por isso não estão aqui – vou passá-los pro Slideshare e colocá-los aqui também. ATUALIZAÇÃO: aqui estão algumas das apresentações: O Empreendimento de Belo Monte e o Planejamento e a Expansão do Sistema Elétrico Brasileiro, Plano de Desenvolvimento Sustentável do Xingú e Fatos e Dados sobre a usina.

ADENDUM 2: O professor Idelber Avelar vai publicar em seu blog uma lista de 50 textos contrários à construção da usina Belo Monte. Me cobraram a falta de argumentos contra a usina, pois então aqui está! Ainda não li tudo por lá, mas do que li só reforça minha posição de que o projeto, do jeito que está, é inteligente, sustentável e respeitador do meio ambiente e das populações locais.

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35 respostas para Bora discutir Belo Monte sem falcatrua?

  1. Giovanna disse:

    Não era pra fazer um texto em dados reais, falcatruas e etc!?
    Dizer que os índios não vão ser expulsos do lugar que habitam, é realmente ainda estou esperando os dados reais… Procure saber um pouco mais sobre o xingu, tribos.. E é bom lembrar que as pessoas vivem do seu jeito. Seria legal se lhe tirassem da sua casa, seu conforto, computador, blog etc. Longe da vida social para morar no meio da floresta!? Acho que não ia ser muito legal, então pense no problema dos outros e não só no seu..

  2. Giovanna disse:

    já que estamos falando em dados reais, porque você também não pesquisa sobre as milhões de especies que serão extintas????

  3. Anônimo disse:

    Giovanna, o fato é: nenhum índio será retirado de sua atual moradia. Pode pesquisar.

  4. Adjutor Alvim disse:

    Escriba,

    gostaria de acresentar os dados de alagamento do reservatório no meu post sobre Belo Monte, claro que creditando a origem dos dados.

    E de energia eólica também! Onde vc obteve os dados da área necessária?

    Tem como vc incluir no seu texto, onde vc obteve estes dados?

    Obrigado!!!

  5. Amanda disse:

    Querido,

    Você ainda trabalha para o governo Federal?

  6. Anônimo disse:

    Alvim, os dados sao do Ministerio do Planejamento. O vídeo, que peguei na página do Blog do Planalto e é da Eletronorte/Eletrobrás/MEE, está com alguns números diferentes. O vídeo é do início de 2010, tenho que ver se os numeros foram atualizados ou o que. Vou ver e corrijo.

    E Amanda, sim, continuo no governo federal, no Ministério do Planejamento. Nao sabia? Nao estou mais no Palacio do Planalto, alias há um ano quase. bj!

  7. Carlos Miguel disse:

    vou por minhas dúvidas em caixa alta para destaque. por favor, não entendam como indignação ou afronta:

    “O lago de Belo Monte terá 503 km2, dos quais 228 km2 já são o leito do próprio rio Xingu. (DE ONDE SÃO ESSES DADOS?) E boa parte da área restante já está desmatada por criadores de gado, agricultores e madeireiras ilegais. (BOA PARTE QUANTO?) O desmatamento efetivo por conta da usina, portanto, é muito pequeno (MUITO PEQUENO QUANTO?) se comparado com o tamanho do empreendimento, a energia que fornecerá e os benefícios que trará à região. E o lago, uma vez criado, servirá para proteger o entorno de cerca de 28 mil hectares (280 km2), já que vira uma Área de Preservação Permanente (APP).”

  8. Calasan disse:

    Oi Escriba,
    pelo que tenho lido em todas as matérias sobre o assunto, a essa altura do campeonato quem tá minimamente informado sobre a obra já tem opinião formada. Quem tá contra, boa sorte em tentar barrá-la.
    Mas para quem está expondo opiniões (estudos, dados, estatísticas…) a favor, tem que ficar de olho aberto, pois aumenta a respnsabilidade como cidadão em fiscalizar aquilo que apoiou… a obra já tá andando e ainda estamos discutindo se deve ou não sair do papel?!
    Fiz um texto nesse sentido – ainda que tenha argumentos de prós e contras questionáveis por muitos (essas questões aprecem sem fim).

    De(s)cu(l)pando Belo Monte

  9. Anônimo disse:

    Carlos, os dados são do Ministério de Minas e Energia / Eletrobrás /Eletronorte.

    Vou levantar a área exata que será alagada que já está desmatada e degradada, e te aviso por aqui – nesse dado teremos também o desmatamento efetivo.

    abs!

  10. Beto Muraro disse:

    Perai, a Giovanna ali em cima disse MILHÕES de espécies que serão extintas? Por acaso vão alagar a amazônia toda?

    Como já foi dito pelo(a) Calasan, não adianta, as obras já começaram ninguém vai conseguir impedir. Nem os ativistas de Facebook nem os estrangeiros com suas ONGs “sem-nenhum-interesse-financeiro.”

  11. Vania Caloy disse:

    Sempre bom ouvir as duas partes de uma questão. Pelo tamanho da Amazônia Belo Monte não é tão grande assim. E o povo de lá está sendo ouvido? Acho que a maioria deseja um mínimo de Progresso também e sem energia isto não existe. O único senão é buscar preservar o máximo possível as espécies.

  12. Ana disse:

    Quanto à questão dos milhões de espécies extintas, que dados objetivos existem para tal afirmação?

    obrigada

  13. Henrique disse:

    Escriba,

    acredito que ninguém seja contrário às intenções de Belo Monte no quesito energia/desenvolvimento. O que faz com que a maioria das pessoas que são contra a usina sejam contra a usina é a falta de informações sobre as pessoas dali.

    Dados reais (e não somente os oficiais, mas também eles) sobre: Quem são? Quais as necessidades? Como vivem? Os índios serão afetados diretamente ou indiretamente: como? Os ribeirinhos são quem? Como eles vivem? Comparados às condições de vida mínima estabelecidos pela ONU (supondo que seja de 0 a 1), qual a condição de vidas deles? Como ter certeza de que eles serão realocados de forma pacífica? E para onde EXATAMENTE? Qual o posicionamento da Secretaria de Direitos Humanos da presidência? Quais as consequências para as cidades do entorno da usina (que vão sofrer um inchaço de trabalhadores)? Como viverão as pessoas dali?

    É dessa parte que acredito que todos carecemos de informações. É sobre os humanos que vivem ali.

    Agradeceria muito se fizesse um post sobre isso, com dados o suficiente para nos esclarecer, com argumentos sólidos sobre essa questão. Se me convencer, com argumentos não somente técnicos, mas humanos, de que os moradores da região ficarão bem com a usina ali, eu mesmo farei campanha pró-Belo Monte.

  14. Anônimo disse:

    Henrique, entendo perfeitamente a sua preocupação e acho que meu texto de certa forma contempla isso tudo, principalmente quando digo que as condicionantes socioambientais impostas ao consorcio construtor devem se transformar em regra para TODO grande projeto que tenha impacto importante sobre questoes socioambientais.

    E temos também o Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Xingu, que visa garantir qualidade de vida aos habitantes da regiao.

    Enfim, aqui tem duas apresentacoes que podem responder algumas de suas questoes.

    abs!

  15. Fernanda Jacques disse:

    Caríssimo “O Escriba”,

    sigamos discutindo Belo Monte com base em dados reais: Segundo o Prof.Arsênio Osvaldo Sevá Filho, especialista em energia e combustíveis da Faculdade de Engenharia Mecânica da Unicamp, “sobra energia no sistema brasileiro. Há várias hidrelétricas em andamento que vão gerar 2,3 mil megawatts novos de energia. Há outras, já prontas, mas que ainda não operam por falta de máquinas. E, por fim, termelétricas que só não funcionam por falta de mercado. O setor elétrico brasileiro enfrenta dificuldades, mas elas são de outra ordem. Temos problemas na área de transmissão de energia porque as linhas não são suficientes, e de balanceamento entre usinas.” Ainda segundo o professor, Belo Monte seria sim somente para atender empresas produtoras de alumínio, aço e celulose para exportação.

    Com base em quê você afirma que isso é balela? Vamos nos ater aos fatos e às informações que dispomos. Não justifica onerar o país com um gasto abissal de energia pra exportar matéria prima a US$1450,00/ton, depois importar novamente com valor agregado a US$3000,00. Bora discutir sem falcatrua? E pra sermos mais honestos, poderíamos discutir sem bandeiras políticas?

    Você que é extremamente bem informado sabe que a Norte Energia não cumpriu nem 5% das condicionantes e por isso a licença para a construção foi suspensa pelo município de Altamira.

    “A promessa do governo é que essas pessoas receberão casas em locais totalmente urbanizados, com saneamento básico, postos de saúde, escolas e locais de lazer, tudo antes do final de 2014. É anotar e cobrar.” Oi?!?!

    Deus prometeu Israel a Abraão e não adiantou anotar nem em pedra, olha aí a peleja! Vai cobrar dos palestinos? Todo mundo sabe que, sobretudo nesse país, dívida não se paga, dívida se “rola”. No caso tá mais pra enrola. Enrola ribeirinho, enrola índio, enrola BNDES.

    Quanto à afirmação de que “nenhum índio terá que sair de suas terras”, se os impactos causados pela usina prejudicarem o ecosistema local, causar mudança climática, baixar o nível do rio e consequentemente reduzir o volume da fauna, os índios terão, sim, que deixar suas terras, sua cultura e seus costumes. Vale assistir ao vídeo. http://www.youtube.com/watch?v=ZmOozYXozb8

    Abraço,

    Fernanda Jacques

  16. Edson J. Marcolin disse:

    Os argumentos técnicos foram muito bem abordados. É preciso que o país encare esses desafios de forma serena e sem entrar na onda de gente que não pensa no futuro, mas também não abrem mão de energia elétrica firme e barata… Apenas uma observação : o tal fator de potência (ou fator de carga) que “reduz” a energia gerada pelas hidrelétricas também existe para as demais : a solar só gera efetivamente com sol forte, a eólica só com vento acima de determinado valor, etc. Só uma térmica consegue valores altos ou hidrelétricas com grandes reservatórios, que garantem água para as turbinas em períodos de seca…

  17. manoel de brito disse:

    Caramba Jorge, também recebi o vídeo dos artistas. Vem mais obras do estilo para a Amazônia? Tema complicado né?
    Abração

  18. Suzana Luz Cardoso disse:

    Olá. No fim de teu texto, fiquei com a sensação que td vai dar certo. Pra todos. Só que não acredito nisso. os que vão ser deslocados prum “lugar melhor”, pra mim, é balela. Já vi isso muitas vezes na minha vida e não vi nada de melhor pra essas pessoas. primeiro, que o governo não indeniza de verdade, qto se trata da situação material. Depois, nao entra num dialogo aberto, franco, honesto, com essas pessoas. Mudam a vida delas e nao oferecem estrutura em relação ao trabalho e outras coisas.

  19. Suzana Luz Cardoso disse:

    E mais: se essa discussao ja vem ha tempos, alguma coisa nao ta certa. Se os indios estao dizendo que, ha tempos, que essa solução pra energia, naquela area, afeta em muito a vida deles, pra pior, algo esta errado. Nao fui lá, nao vi, nao discuti pessoalmente com eles, nao sou engenheira ou uma especialista neste assunto parte tecnica), mas tenho bastante tempo de vida e observação deste país pra dizer que isso nao ta certo.

  20. Anônimo disse:

    Fernanda,

    Realmente, como diz o professor Sevá, há diversas hidrelétricas em andamento. E eolicas também. E outros projetos, como térmicas a biomassa. O que nao inviabiliza nem tira a razao de ser de Belo Monte ou qualquer outra hidrelétrica na amazonia. A regiao não é um santuário. Temos que usar sim a região, seja para gerar energia, explorar minérios, madeira, etc. Agora, tem que ser feito de forma correta e sustentável. Negar isso é querer que a Amazonia vire um santuário.

    Dizer que Belo Monte servirá ‘somente’ para atender empresas produtoras de aluminio , aço e celulose para exportação é nao entender como funciona o SIN.

    Agora, veja que ironia: digamos que seja mesmo para empresas de aço e aluminio. Que bom! Sim, porque o Brasil vai precisar de muito aço e aluminio para desenvolver sua industria de aerogeradores que descobriu o Brasil como paraíso dos ventos. As maiores empresas do ramo já estao no Brasil e os investimentos estao se multiplicando. Logo, teremos que ter muito aço e aluminio para as fabricas de aerogeradores!

    Sim, vamos nos ater aos fatos. E não ‘se’, ‘talvez’, ‘quem sabe’, ‘quase’. Nao é um gasto abissal, afinal a energia hidrelétrica é ainda a mais barata e tem o melhor custo/beneficio. Belo Monte, na verdade, mesmo produzindo menos (por causa das exigencias socioambientais, diga-se de passagem), ela ainda é muito mais interessante do que parques eolicos (ainda).

    Sim, a Norte Energia nao cumpriu boa parte das condicionantes e por isso deve ser cobrada duramente para que o faça. Esse é o grande X da questao. E eu DUVIDO que a prefeita de Altamira seja maluca de dizer que não quer os investimentos do consorcio para a região. Ainda mais que tá chegando a eleição e tal. Altamira e região só tem a ganhar com os investimentos e a sociedade tem que se mobilizar para que eles sejam de fato realizados, em vez de ficar apoiando videos cretinos que negam que hidreletricidade seja limpa ou que os indios vao morrer, o rio Xingu vai secar, o escambau. Esse terror a la Regina Duarte é picareta demais e nao contribui para o debate…

    Alias, por falar nisso, viu esta matéria sobre a usina de Xingó, em Sergipe? Ela fala por si:

    http://www.valor.com.br/impresso/hidreletrica/xingo-fornece-energia-e-promove-crescimento

    Ué, o papel da sociedade civil tem que ser esse mesmo, cobrar. A decisão política de se construir Belo Monte já foi tomada e ela vai sair – assim como outras usinas na Amazonia. Nao tem pra onde correr. Enquanto EUA, Alemanha, Japão, China, India e outros tem sua base da matriz energetica suja como pau de galinheiro, a nossa é a mais limpa do mundo e invejada por isso. Todos estao agora lutando contra o tempo para limpar essa matriz, para fazer a transicao a energias como eolica, solar e biomassa, o Brasil é o UNICO do mundo que pode se dar o luxo de fazer essa transição com energia limpa, como a hidreletrica.

    E esse seu ultimo paragrafo é todo baseado numa pequenina palavra: “Se”. E “se” nada disso acontecer, como fica?

    abs!
    Jorge

  21. Anônimo disse:

    Brito, vem sim – e espero que cada vez mais modernas e sustentaveis. Porque a Amazonia precisa desse investimento, o Brasil também.

    abs!

  22. Anônimo disse:

    Suzana,

    vc pode não acreditar, eu posso, certo? Questoes de crença sao complicadas, mas sao um ponto de partida. Vc viu muitas vezes as coisas nao acontecerem, eu também, mas sou humanista e acredito que estamos vivendo um momento diferente e que podemos cada vez mais cobrar para que o melhor seja efetivamente feito.

    Quanto ao diálogo, desculpe, mas nunca um projeto desse tipo foi tão discutido NO MUNDO. Já era mesmo tempo de se tomar uma decisão política e o governo tomou. Agora cabe à sociedade cobrar as promessas, cobrar que as condicionantes sejam bem cumpridas e por aí vai. Ficar fazendo video picareta e cretino com atores não vai levar a lugar algum.

    abs!

  23. André disse:

    Fernanda,
    Uma boa parte das condicionantes (as mais importantes) só deverão ser implementadas após o enchimento do lago, de modo que não é correto incluí-las na conta das que não foram implementadas ainda. O que não livra os envolvidos de cumprir as condicionantes que devem ser implementadas antes e durante a construção.
    Também é bom lembrar que a energia de Belo Monte vai demorar para estar disponível, então não adianta olhar a situação do sistema elétrico hoje, tem que olhar para o futuro.

  24. catow disse:

    “A Belo Monte é uma questão que está por aí há mais de 20 anos e o estardalhaço só começa agora, por causa de um movimentozinho de estrelas semianalfabetas que provavelmente não sabem nada sobre o assunto que estão falando?”

    belo monte… de merda (uma não partita # 6 larghissimo)

  25. André disse:

    Eu tenho algumas perguntas:
    1) Segundo a constituição toda propriedade possui uma função social, isso permite desapropriações para reforma agrária, construção de ruas e estradas, etc. Esse princípio não se aplica aos índios e às populações ribeirinhas?
    2) A construção de casas e benfeitorias nas margens dos rios sempre foi muito criticada, seja por afetar as matas ciliares, seja pelo descarte de lixo e esgoto nos rios, ou pelo risco de enchentes. Por que no caso dos Xingu todas essa ocupação deve ser preservada?
    3) As discusões para a construção de Belo Monte tem 35 anos. Segundo as notícias que li a população de Altamira aumentou “repentinamente” 7% após o início das obras, isso acarretou, segundo o movimento Gota d’Água a superlotação das escolas e hospitais. Já havia déficit nesses serviços? Altamira não se preparou adequadamente?

  26. André disse:

    Escriba,
    Fiquei com a imprensão que o Idelber quiz encerrar a discussão sufocando o leitor com uma quantidade enorme de links. Tentei ler os mais representativos, mas tá difícil de filtrar informações que possam ser confirmadas ou cálculo/simulações que possam ser reproduzidos. A gente acaba ficando com uma certa má vontade quando:
    1) se cria uma polêmica enorme devido às diferenças entre os cálculos da área alagada (para a qual existe um explicação simples), quando o mais importante é a redução dos impactos acarretada pela escolha de uma usina à fio-d’água;
    2) joga-se afirmações fortes, como Belo Monte ser tecnicamente inviável ou que uma hidrelétrica polui mais que uma termelétrica, sem mostrar todos os parâmetros utilizados na simulação que permitiram essas conclusões;
    3) coloca como fato inconteste as declarações e opiniões de líderes de movimentos antibarragistas, enquanto rotula-se e deprecia todo aquele que tem opinião contrária;
    4) utiliza Balbina como parâmetro válido para hidrelétricas, mesmo sabendo que a comparação é claramente incorreta.

  27. Anônimo disse:

    Pois é, André, é ‘afogar em números e palavras de ordem’. Pedem mais debate, mas chega a ser cínico isso porque na verdade querem apenas ganhar tempo e inviabilizar o projeto, nao arruma-lo e garantir que seja bem feito.

    E as comparações com Balbina e até Tucuruí sao muito cretinas. Dá preguiça de debater assim, mas meu lado socrático gosta, entao já viu, né?

    abs!

  28. Duzin Faria disse:

    Escriba.

    Primeiro gostaria de parabenizá-lo pelo texto.
    Me ajudou muito a manter a minha opinião que já tenho desde quando comecei a acompanhar em 2008 as discussões.

    A questão desses artistas globais e tudo mais me preocupa um pouco, pois todos sabemos a força que a TV e outros veículos de comunicação tem hoje em dia. Acho isso um absurdo… querem se aparecer ATRAPALHANDO.

    Ao meu ver a questão sobre Belo Monte é mais simples: ela é viável e necessária por que os benefícios são muito maiores do que prejuízos.

    A Fernanda aí em cima que me desculpe.. mas ela e o seu professor da Unicamp “viajou” um pouco .. todos sabemos que existem hidrelétricas em andamento e que nesses lugares também faltam investimentos. Mas isso é um assunto paralelo. Não tem a ver com Belo Monte. Ou Ela quis dizer que é só colocar as outras em operação que elas suprirão a nossa demanda futura principalmente no norte do país onde Belo Monte será construída?

    Fernanda e o prof. da Unicamp: você acham ou afirmam também que os “problemas” de transmissão resolveriam ?
    Eu trabalho na CPFL Energia e te afirmo que não.

    Pelo amor de Deus pessoal (que é contra), nossa demanda de energia crescerá muito nos próximos 10, 20 anos. A construção de uma hidrelétrica desse porte estratégicamente construída no norte do país é ESSENCIAL para o país que vivemos. Nada melhor do que “utilizar” de maneira correta e sustentável a nossa bacia hidrográfica.

    Lembrem-se que pro país se desenvolver (na costa do Atlântico – RJ, Bahia, Paraná, até SP) a Mata Atlântica também foi prejudicada. Mas e ae? O país ou essa área está pior com isso? Alguma forma de vida foi completamente desaparecida?

  29. Anônimo disse:

    Obrigado, Duzin.

    O problema é que tanto a Fernanda quanto o professor, apesar de nao serem especialistas – assim como eu – acham no entanto que sao os ungidos e por isso seus argumentso sao melhores e mais verdadeiros.

    A minha intenção ao fazer este post foi por dados que eles nunca citaram – como o fato de a usina produzir menos energia justamente para atender demandas socioambientais.

    Obrigado por seu apoio e elogio.

    abs!

  30. Polyana L. C. Lütckemayer Verona disse:

    Bom, eu apenas vi o vídeo dos artistas falando sobre o Belo Monte, eles não iriam falar sobre um assunto sem pesquisarem sobre ele e se tudo isso que eles disseram não tem cabimento, por quê o governo não coloca tudo em pratos limpos!? Por quê só aparecem vídeos de Belo Monte falando de desapropriação, alagamento, animais que não serão salvos, enfim, por quê este assunto não está sendo noticiado e esclarecido para a população?
    O que comentei em meu face, ou o que penso sobre isso, são apenas porque as informações são passadas pela metade, quando este assunto for tratado de uma forma correta, ou seja, passada para o povo de uma forma mais clara e para todos mesmo, quem sabe assim este assunto Belo Monte soaria melhor nos ouvidos de todos e o governo teria apoio da população.
    Eu, por enquanto, estou em dúvidas, sei que minha opinião não valerá nada, mas, espero que este assunto se resolva da melhor maneira possível. Há muitas coisas em jogo, natureza, pessoas, animais, etc.
    Se isto é para a melhoria, que se construa, mas se isto prejudicará algo ou alguém, que Deus ilumine a cabeça de cada um envolvido nisto.

  31. SERGINHO disse:

    Amigos, oque os EUA querem é não ver brasileiro construindo na amazonia, eles querem para eles e eles tem uma visão muito distorcida do BRASIL e pensam que podem fazer oque desejam assim como fizeram no IRAQUE por exemplo, não se deixem enganar, BELO MONTE É NECESSARIA PARA O BRASIL CRESCER, sem BELO MONTE NÓS SEREMOS ESCRAVOS POIS O NORTE NUNCA VAI SER DISCIPLINADAMENTE CONSTRUIDO JUNTO COM A NAÇÃO BRASILEIRA, temos que ter energia, diferentemente dos EUA e CANADA que LITERALMENTE DESTRUIRAM SUAS RESERVAS VERDES nos temos mais de 90 porcento do referencial verde e esse povo ONGS a mando de CHEVRONS DA VIDA querem o insussesso do BRASIL, ACORDEM BRASILEIROS NAO SE DEIXEM VENCER.

  32. Thais disse:

    Olá Escriba,

    respeito a liberdade de expressão, mas acredito que temos que tomar muito cuidado com o que escrevemos ao se tratar de assuntos tão polêmicos (por isso, mesmo sendo contra Belo Monte, não sou a favor do Movimento Gota D´Água). Esse cuidado deve ainda ser redobrado, quando se trata de questões sociais envolvidas em grandes projetos como Belo Monte. Ler, escrever, discutir sobre Belo Monte é sim super válido, mas vivenciar Belo Monte vai muito mais além do que NÓS imaginamos (digo nós pq acredito que a maioria dos comentaristas desse post, assim como eu, não vivencia Belo Monte de fato). Não sou a dona de nenhuma empresa de construção que não irá lucrar se Belo Monte não acontecer (ou q irá lucrar se acontecer) e muito menos sou a ribeirinha que será realocada da própria casa… Enfim, como disse anteriormente, acredito q discussões são válidas, mas acho só que devemos tentar nos aproximar mais de informações mais “vivas” sobre os fatos, pq muito do que lemos sobre Belo Monte, principalmente dados, podem estar distorcidos, contra ou a favor da construção. Por exemplo, o que vc coloca aqui sobre realocação de ribeirinhos, acho q você poderia tomar um pouco mais de cuidado ao julgar a condição dessas pessoas como sub-humanas. Longe de mim dizer q as pessoas vivem em lugares lindos, com casas boas, saneamento adequado… mas pera ae, o buraco é bem mais embaixo. São pessoas, histórias de vida, COM MEIOS DE SOBREVIVÊNCIA RETIRADOS DAQUELA TERRA QUE VAI SER ALAGADA! Primeiro lugar: do que adianta ir para locais totalmente urbanizados, com saneamento básico, postos de saúde, escolas e LOCAIS DE LAZER, sem emprego???? Segundo lugar: essas pessoas querem sair desses lugares, mesmo vivendo em condições “sub-humanas”, como você diz???? Terceiro lugar, o que seria condições de vida “sub-humanas”??? Morar em centros urbanos, com casas de alvenaria e etc, não necessariamente mudará a condição de “sub-humana” para “humana”, irá????????? Terceiro e último lugar: “É anotar e cobrar!” ??????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????
    Você mora onde?????Vivemos no mesmo país??????????????????
    É complicado problematizar vidas que nao são as nossas, simplificar então nem se fale!

    Enfim, acredito que temos que tomar muito, mas muito cuidade mesmo, quando nos posicionamos contra ou a favor de algo, pois se há muito mais entre o céu e a terra do que supõe nossa vã filosofia, imagina o que não há entre as vantagens e desvantagens da construção de Belo Monte…. melhor, imaginem o que há por trás da construção de Belo Monte!!
    Vamos nos formar com mais cuidado e INformar com mais cuidado ainda!!

  33. tvbelomonte disse:

    Um projeto estratégico do tamanho e da complexidade de Belo Monte gera uma série de dúvidas, ansiedades e discussões.
    As pesssoas por não conhecer profundamente o empreendimento, acabam o criticando. É normal e até saudável que isso tenha acontecido.
    Por isso é que estamos aqui: para iniciar o debate, tirar dúvidas e ampliar os questionamentos.
    Acreditamos que assim, com esse canal de comunicação aberto, tornaremos o projeto da Usina de Belo Monte um projeto melhor para todos os brasileiros e é claro, melhor para o futuro do Brasil.
    Nossa idéia é ir construindo Belo Monte junto com vocês.

    Inscreva-se no nosso canal no Youtube, visite-nos no Facebook ou mande sua dúvida pelo twitter @uhebelomonte

    http://www.tvbelomonte.com.br/

  34. Maria Edjane disse:

    Nossa, essa questão da usina que vai alagar meio mundo e tirar os únicos que realmente preservam o que aquela região representa, que são os ribeirinhos é de dar dor no coração de qualquer pessoa sensata. Mais um pouco, como já citaram a algum tempo atrás vão estar vendendo a floresta amazônica tbm…sem falcatrua?duvido muito!

  35. Camila disse:

    Um ótimo post, bem informativo.

    Acho muito engraçado as pessoas ficarem falando de Belo Monte como se a energia que elas usassem viesse dos ETs.
    Nossas casas, nosso modo de vida, nossa eletricidade… Tudo às custas de ecossistemas realojados e destruídos e pessoas removidas de várias e várias terras.
    Palhaçada essas revoltas de internet.

    Acho mais engraçado ainda falarem de cuidar dos índios quando a maioria nem sabe onde fica uma reserva indígena.

    E mais engraçado ainda reclamar que Belo Monte não se preocupa com as pessoas que vai prejudicar, quando, em casa, com internet, água quente, microondas e TV, ninguém pensa nas pessoas que vivem onde a energia têm dificuldade pra chegar. Ou nas condições de vida que os ‘ribeirinhos’ tem – ninguém sequer sabia da existência deles ou teve interesse em ajudar.

    É um povo muito contraditório e muito hipócrita.

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