Nenhum dos sentidos é repetição. Ainda que se tenha escutado aquele som, hoje está em outros lábios. Por mais que se tenha olhado aquela criança, agora está em outro tempo. A pele é o que menos se repete no corpo. Por mais que se suplique por aquilo – aquela carícia, aquele atrito, aquela travessia -, sempre receberá isto – esta carícia, este atrito, esta travessia. A linguagem que sente é uma voz com alguém atrás, um silêncio com alguém dentro.
(Carlos Skliar, em Hablar con desconocidos, 2014 – foto Em um momento sensual, de Carsten Witte)