A segunda parte de Ninfomaníaca, mais recente filme do cineasta dinamarquês Lars von Trier, confirma o que vislumbramos na primeira parte: o diretor é um dos maiores do seu tempo e a obra é um clássico instantâneo. Feminista até o talo (como bem apontado neste texto), iconoclasta, herético, o filme explora praticamente todas as nuances da sexualidade humana, as agruras dos párias sexuais, o claustro angustiante da condição feminina num mundo machista.
Algumas cenas de Ninfomaníaca entram desde já no panteão das melhores de todos os tempos da telona, como o confronto de Charlote Gainsbourg com um personagem com claras tendências pedófilas mas que nem de longe é vilão, ou a cena derradeira que, apesar de meio óbvia, é filmada de maneira tão espetacular e amarra tão bem a história, que tem o impacto desejado como ponto final – e ainda conta com a ajuda providencial da bela versão de Gainsbourg para Hey Joe.