E o DDT era bom…

DDT é bom pra mim!!!

Em tempos de mudanças climáticas, energias renováveis e sustentabilidade, ninguém quer ficar de fora do bonde. A onda agora é ser verde. Na verdade, ‘parecer’ verde. Basta um discurso bem trabalhado, investimento pesado em relações públicas e publicidade, e pronto, uma empresa como a Petrobrás, Vale do Rio Doce ou Monsanto aparece na mídia – e aos olhos dos consumidores – como ambientalmente responsável. E isso não é de hoje. Clique na imagem acima e leia com atenção. É um cartaz publicitário que conta as maravilhas que o DDT faz por você, sua família, os animais e o meio ambiente. Logo no início, diz:

As grandes expectativas geradas pelo DDT foram concretizadas. Durante 1946, exaustivos testes científicos mostraram que, quando usado apropriadamente, o DDT mata vários tipos de insetos, e é benéfico para toda a humanidade.

Outros cartazes desse tipo sobre o DDT podem ser vistos aqui.

Hoje sabemos bem o que esse poderoso pesticida pode causa à saúde humana, aos animais, ao ambiente. Sim, o DDT teve importância na erradicação da malária e do tifo em várias regiões do planeta, mas o custo disso foi altíssimo, aumentando a mortalidade de animais e causando câncer em milhares de pessoas. A meu ver, inadmissível. Para combater um problema, causaram outro tão ou mais grave.

O debate hoje sobre sustentabilidade vai nessa direção. Qual o nível de degradação ambiental, social e de saúde aceitável? Quantas empresas promovem hoje atividades insustentáveis, mas que aos olhos do público e dos govenos, parecem trazer mais benefícios do que prejuízos? Quantas empresas são transparentes o suficiente, permitindo que possamos debater o nível de sustentabilidade de suas atividades? Quais delas têm a coragem de admitir que suas atividades são mais nocivas do que benéficas e, assim sendo, estão dispostas a investir mais (e lucrar menos) para procurar o melhor jeito de produzir?

Infelizmente a resposta a essas perguntas é a mesma: não muitas. Algumas já se conscientizaram e têm mudados suas práticas, mas a maioria ainda prefere investir primeiro na área de marketing/relações públicas para lavar a imagem e dar cores verdes ao que fazem.

Os tempos estão mudando e viver de forma ambientalmente responsável e sustentável exige esforço, comprometimento, ética e muita, mas muita força de vontade. Não é nada fácil. Sempre que vou ao supermercado, restaurante, loja de roupas ou brinquedos, fico um tempão analisando o produto que penso em comprar, de onde veio, pra onde vai, como foi feito, como vai ser descartado, etc. Tenho tentando explicar isso aos meus filhos e amigos, e em muitos casos recebo desdém e desesperança, parece ser impossível mostrar que é possível sim pisar no freio e mudar. Nós, consumidores, temos um papel importante nisso tudo. É só exercermos nosso poder de decidir o que vai vingar ou não no mercado. É trabalho de formiguinha mesmo.

Tem hora que dá vontade de desistir, mas aí vejo a Monsanto posando de defensora da agricultura sustentável, a Esso cagando baldes para as energias renováveis, a Vale se dizendo preocupada com a sustentabilidade e tantas outras empresas aparecendo na mídia como modelos corporativos – quando na verdade, por trás das cortinas, continuam as mesmas predadoras de sempre. É quando penso: “tá fácil demais pra esses caras…” e volto a dar minhas bicudas nas canelas desse pessoal…

Afinal de contas, se é pra morrer, que seja com minhas botas calçadas!

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3 Responses to E o DDT era bom…

  1. Eita! Demorou mas postou! e voltou com tudo.
    Parabéns pelo post!!
    Às vezes, também tenho vontade de desistir, mas como você disse, não dá pra deixar assim fácil pra eles!!
    Abraço

  2. Avatar de Zê disse:

    E a gripe suína será q não tem a ver com rações transgênicas?

  3. Avatar de Desconhecido O Escriba » Lavagem verde é com a Exxon disse:

    O Escriba » Lavagem verde é com a Exxon

    […] on 30 Apr 2009 at 07:46 am | Tagged as: Meio Ambiente, Rede Ecoblogs, boca no trombone, energia No post anterior falei do tal ‘greenwashing’ que virou estratégia de marketing de muitas empresas mundo […]

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