
Quando se fala em custos da energia nuclear, os cabeça-de-milico e afins dizem que são menores que os de projetos de geração renovável como solar e eólica. Só que eles não contabilizam o valor do desligamento, desmontagem e armazenamento (processo conhecido como descomissionamento) de todo o lixo nuclear após o fim do funcionamento dessas usinas. Uma usina nuclear tem prazo de validade de uns 40 anos, talvez 60 se for recauchutada. Angra 3, por exemplo, está orçada em cerca de R$ 8 bilhões pelo governo brasileiro, mas sem levar em conta o alto valor do descomissionamento.
Não existe país no mundo que tenha apresentado solução definitiva para o problema. Nem a França, que tem cerca de 75% de sua geração de energia elétrica dependente de usinas nucleares, nem os Estados Unidos e seus 110 reatores. Quando essas usinas forem desligadas, fazer o que? Bombardear o sol, enviar tudo pro espaço, jogar no fundo do mar, enterrar em minas antigas ou no meio de montanhas? Por mais absurdo que pareçam, essas hipóteses foram cogitadas.
Além da bomba-relógio que deixamos para as gerações futuras, ainda há o problema do alto custo. Esta semana, um representante da Autoridade de Descomissionamento Nuclear da Inglaterra revelou que o custo de se ‘limpar’ quatro usinas britânicas poderá chegar a incríveis 75 bilhões de libras! Dezenove reatores deverão ser desligados e desmontados nas próximas décadas por lá e a conta vai ser paga pelos ingleses, via governo. Não à toa empresa privada alguma investe nesse setor se o governo não colocar bilhões em subsídios. Além disso, muitos dos lugares ficarão estragados para sempre, segundo autoridades do governo.
O fato dos programas nucleares em todo o mundo serem caros e ineficientes é argumento suficiente para evitarmos essa opção. Não faz o menor sentido. Combater o aquecimento global? Esquece. Seriam necessárias dezenas de usinas construídas em tempo recorde para fazer alguma diferença – e ainda assim teríamos dezenas de usinas para desmontar e armazenar ninguém sabe aonde.
Como bem diz o cientista americano Amory Lovins, especialista em energia renovável, o suposto renascimento da energia nuclear como opção energética é como desfibrilar um cadáver: ele vai pular, mas não reviver. E diz que o iminente derretimento do mercado de energia nuclear é bom para o desenvolvimento mundial. Saca só:
O derretimento do mercado de energia nuclear é bom para o desenvolvimento mundial: economizar eletricidade precisa de mil vezes menos capital e recompensa cerca de 10 vezes mais rápido do que fornecer mais eletricidade. Mudar as fontes de financiamento para a economia de eletricidade pode potencialmente transformar o setor de energia em uma rede de outras necessidades de desenvolvimento. Além disso, um sistema eficiente, diverso, disperso e renovável de energia pode tornar impossível o fracasso de fornecimento de energia.
Leia aqui o artigo na íntegra.
O problema é que a energia eólica e solar não possuem constância no fornecimento. Para produção industrial é necessário que se tenha energia confiável, algo que só se pode ter com usinas hidrelétricas ou nucleares, porém ambas possuem um enorme impacto ambiental. Mas quem disse que desenvolvimento sustentável é fácil?!
Pois é, desenvolvimento sustentável não é fácil. Grandes hidrelétricas e usinas nucleares são o canto da sereia – parecem inofensivas, mas são altamente impactantes. Não creio que o problema das energias solares e eolicas sejam a constancia, mas sim o armazenamento do que é gerado. Nos últimos dois anos, essas fontes alternativas cresceram mais de 30% no mundo e vão crescer mais e mais.
Acabei de receber mais uma noticia sobre a alta dos custos de usinas nucleares – http://energycentral.fileburst.com/EnergyBizOnline/2008-3-may
O cadaver deu uma puladinha, mas não vai reviver…
rteza, Polten! Tempos atrás eu escrevi um post sobre um projeto muito louco que está sendo desenvolvido na costa da Irlanda, saca só:
http://escriba.org/novo/?p=1188
abração!