
Zapeando a TV na noite de ontem, parei na CNN quando ia começar o programa Future Summit sobre mudanças climáticas. Cinco debatedores foram escalados: Ólafur Grímsson, presidente da Islândia; Barrie Pittock, cientista australiano integrante do IPCC; Sunita Narain, do Centro de Ciência e Meio Ambiente da Índia; Bertrand Piccard, explorador e aviador francês; e Bjorn Lomborg, professor dinamarquês e autor do livro O Ambientalista Cético.
O debate foi intenso e o apresentador, um sujeito grandão, histriônico, teve que intervir por diversas vezes para o programa não descambar pro bate-boca de botequim. Mesmo com pouco tempo, cerca de uma hora, os convidados tiveram a chance de dar o seu recado.
Grímsson defendeu o uso agressivo de energias renováveis como faz o seu país, que hoje tem praticamente 100% de suas fontes com base em fontes geotérmicas – uma surpresa pra mim, não tinha idéia que algum país no mundo já estivesse tão avançado nessa área. “Nós éramos um dos países mais pobres da Europa e hoje estamos entre os mais ricos, graças ao uso de fontes renováveis. Se a Islândia pode, outros países podem também. É uma questão de vontade política.” Todos os esforços têm que ser feitos, diz ele, para mudar a forma como obtemos e usamos energia.
Narain concordou com o presidente islandês mas criticou os países mais ricos por não investirem mais em energias renováveis e não aceitarem cortes em emissões de gases do efeito estufa. “Os interesses corporativos de quem lucra com o carvão e o petróleo têm guiado as políticas de governos, principalmente dos mais ricos”, disse ela. Narain afirmou ainda que o grande desafio para os países em desenvolvimento é encontrar a fórmula para crescer sem poluir como fizeram os países desenvolvidos.
Piccard também frisou a importância da vontade política para mudar as prioridades energéticas do mundo, lembrando que o presidente Kennedy disse que levaria o homem à lua em 10 anos porque o governo americano assim o queria. “A mesma decisão firme tem que ser tomada em relação às energias renováveis.” O francês detalhou seu incrível projeto de avião que voará, dia e noite, usando apenas a energia do sol. O primeiro avião será construído no final deste ano. Em 2009, pretende atravessar o Atlântico e, em 2011, dar a volta ao mundo.
O australiano Pittock foi o mais pessimista de todos, afirmando que o ponto de não-retorno pode já ter sido atingido – ou seja, o planeta vai aquecer além dos fatídicos 2 graus Celsius, desencadeando uma série de problemas climáticos graves. “Mas ainda assim temos uma oportunidade única para mudar de vez nossa dependência em tecnologias energéticas sujas e assim devemos proceder para não piorar o que já está ruim.”
O cético Lomborg… bom, ele apanhou mais que tapete em dia de faxina. Ninguém comprou sua sua posição de que combater as mudanças climáticas, com corte de emissões e mudanças de hábitos poluidores, é perda de tempo e que o mundo tem que investir em tecnologia e em outras prioridades, como fome e doenças. Manteve um sorriso cínico durante todo o programa e fez o seu jogo – o mesmo das grandes corporações, que deram a ele em 2001, no Fórum Econômico Mundial, o título de Líder Global para o Amanhã (alguma surpresa?)
A boa notícia foi que nem ele ousou defender a energia nuclear como solução para o combate às mudanças climáticas. Ela foi descartada por todos por ser cara, ineficiente e problemática, tanto em termos de segurança (por promover o risco de proliferação de armas atômicas) como também ambiental (não há até hoje destinação adequada para o lixo nuclear).
Quanto mais distantes ficarmos de Lomborg e suas idéias, mais perto esstaremos de uma solução ambientalmente sustentável.
Os paises em desenvolvimento precisam de desenvolvimento limpo e sustentável. Novas tecnologias podem ser aplicadas, inovando e desenvolvendo. Veja algumas delas em ia3m.blogspot.com