Quatro ases e um coringa (II)

Mais um programa da rádio Escriba dedicado a quatro ases da música e um coringa. Vamos lá:


Robert Plant – O Led Zeppelin voltou mas, apesar de ser fã do grupo, não me interessei nem um pouco. Não me ligo muito nesses retornos ectoplasmáticos de antigas bandas (Police, Led, Pink Floyd, etc), por nada acrescentarem ao que já foi feito. Prefiro saber o que esse pessoal tem de novo pra apresentar. Pra vc ver: o hype criado em torno do novo show do Led fez o desserviço de eclipsar um dos grandes lançamentos deste ano, o disco Raising Sand, uma parceria entre Plant e a violinista Alison Krauss. Escolhi três faixas desse disco belíssimo – e uma do Led, claro, pra não parecer que renego o passado do cara.

Tim Maia – Na esteira do lançamento do livro Vale Tudo – O Som e a Fúria, de Nelson Motta, sobre a vida e obra do síndico da música brasileira, deixo aqui minha homenagem a este que foi um dos mais importantes cantores e compositores da música brasileira. Ralou muito pra conseguir um lugar ao sol, desde os tempos da Tijuca, na década de 1960, quando circulava ao lado de Roberto Carlos, Jorge Ben, Wilson Simonal, Erasmo Carlos e outros. Só conseguiu depois de voltar dos EUA, de onde foi deportado. E apesar da fama de loucão, era determinado e meticuloso. Mas mentia um pouco às vezes…

Rory Gallagher – Se o irlandês é o negro da Europa, Rory Gallagher é sua melhor expressão musical (ao lado de Van Morrison). Ele morreu em 1995 depois de uma série de complicações devido ao alcoolismo. Um dos guitarristas mais vibrantes que já ouvi. Sua voz soava como que curtida em litros e mais litros do uísque e o som que tirava de sua guitarra Stratocaster (a primeira da Irlanda, em 1960) o levou a ser considerado pela Melody Maker em 1972 o músico do ano, destronando ninguém menos do que Eric Clapton.

Yusef Lateef – Um dos discos que mais escutei nos últimos dois anos foi Eastern Sounds (deixa tocar The Plum Blossom e vc vai entender). Esse saxofonista americano está com 87 anos e continua firme e forte experimentando novos sons e nunca se entregando ao comodismo tão comum em artistas que construíram uma carreira brilhante. Falei saxofonista, mas o cara toca praticamente qualquer instrumento de sopro – flauta, oboé, pífano, clarineta e uma dúzia de outros, muitos deles de origem árabe/asiática. Sua fama está justamente na mescla de música oriental com o jazz/blues na década de 1960. Mas ele não parou aí – tem blues, gospel, funk, até rock. Acho que vou ali escutar Eastern Sounds de novo e já volto…

Sérgio Sampaio – Quem melhor do que esse capixaba para ser o coringa da vez? Conhecido pelo sucesso Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua, Sérgio foi um grande ‘enfant terrible’ da MPB e pagou com o ostracismo. Compôs várias músicas com Raul Seixas e poderia ter sido o grande parceiro deste, mas quis o destino que Raul fizesse sucesso ao lado de Paulo Coelho. Participou do projeto Grã-Ordem Kavernista em 1971 com Raul, Miriam Batucada e Edy Star, e teve um disco produzido pelo maluco beleza – justamente o primeiro LP, Eu Quero É Botar… Dei preferência aqui, no entanto, ao disco Cruel, de 2006, produzido por Zeca Baleiro com 12 canções inéditas em gravações caseiras remasterizadas. São três músicas desse trabalho e uma do primeiro disco.

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3 Responses to Quatro ases e um coringa (II)

  1. Avatar de guilherme fazolo guilherme fazolo disse:

    Grande som deste Yusef…demais,realmente eu nao conhecia…
    Onde achamos cds deste prodigio do sopro.
    (peco desculpas mas meu teclado nao aceit aacentos,viu escriba)Obrigado!!

  2. Avatar de escriba escriba disse:

    Meu caro, vc encontra CDs do Yusef em boas lojas do ramo e também pela internet, na Amazon ou no velho e bom soulseek…
    abs!

  3. Avatar de Fábio José de Mello Fábio José de Mello disse:

    Santa internet. hehehe. Ou, hohoho.

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