
Acabei de ler no blog Cerveja Só, do meu camarada Ricardo Amorim, que a demanda por biocombustíveis pode aumentar o preço da cerveja na Alemanha, porque a cevada vem sendo usada para a produção de biogás. O fenômeno já ocorreu no México, onde o preço da tortilha, um tipo de pão achatado feito com milho, aumentou barbaridade no ano passado – o milho é a principal matéria-prima do etanol americano e é para este fim que vem sendo plantado prioritariamente tanto nos EUA como no México. Com essa febre de biocombustível se espalhando por todo o mundo, os preços estão muito mais atraentes para quem alimenta a indústria de combustíveis em vez de bocas. E um agro-empresário não vai pensar duas vezes em trocar o foco de seu negócio se a diferença de preço for absurda. Pra quê plantar feijão, arroz e batata pra comer se o cara pode ganhar mais com soja, cana, palma e mamona, os principais ingredientes do biocombustível?
Estados Unidos e Brasil, que lideram essa empreitada, dizem que não há com que se preocupar – uma coisa não interfere na outra. Os americanos, que não querem reduzir seu consumismo, muito menos o tamanho de seus carros, vêem no etanol a fórmula perfeita para manter seu estilo de vida e ainda posar de preocupado com o aquecimento global; o Brasil tem na tecnologia do biocombustível a grande chance de deslanchar sua economia.
A próxima Cúpula sul-americana discutirá o assunto e países como Venezuela (grande produtor de petróleo) e Cuba (que tira uma casquinha dessa bonança do país vizinho) vão criticar a ferro e fogo essa onda toda. Independentemente de ideologias, acho que é bom ir devagar com esse andor porque a questão é séria. Não só para a alimentação em geral da população, mas também para o meio ambiente. A febre dos biocombustíveis tem se tornado o principal responsável pelo desmatamento de extensas áreas de florestas no Brasil, na Malásia, Indonésia, Tailândia e em países africanos.
O biocombustível pode ser importante para nos ajudar a depender menos dos combustíveis fósseis. Mas se livrar de um problema criando outro não é uma solução inteligente (como não são as usinas nucleares). Infelizmente, a humanidade já cometeu esse erro ‘n’ vezes em nome do progresso. Por que não investir pesado também em outras tecnologias (eólica, solar, marés) além de programas de conservação de energia e mudança de paradigmas de consumo?
Tema da vez e grande procupação de ecologistas mundo afora. Uma correção: a inflação do milho para as ‘tortillas’ mexicanas hoje supera 400%! É o alimento básico do povo mexicano, como aqui arroz e feijão. A crise é feroz.
Tb os acordos sobre biocombustíveis permitem uma ‘alacalização’ pela porta dos fundos.
Estou trabalhando a matéria, podes conferir ainda esta semana.
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Rapaz, esses são pontos fundameentais e percebo que por conta das questões econômicas, tem muito gente fazendo “ouvido de mercador”, para algo que exige seriedade em todas as dimensões, bela chamada…